As transformações culturais da cidade do Rio de Janeiro estão marcadas na história do Centro Cultural Banco do Brasil, mais precisamente na arquitetura de seu prédio. Os estilos presentes no edifício remetem valores e ideias de diferentes tempos e origens. Perceba, ao longo da visita, as diferenças entre os pavimentos do edifício. A cada novo andar, podemos ver refletidas algumas marcas dos períodos imperial e republicano, dispostas em contraste a elementos que remetem aos tempos contemporâneos e à busca de valores democráticos como o acesso à diversidade de culturas e saberes da sociedade brasileira.
Como vimos anteriormente, o estilo arquitetônico que orientou a construção do CCBB é conhecido como eclético. O ecletismo se caracteriza por composições entre diferentes estilos do passado, trazendo às cidades brasileiras as escolhas e os interesses de uma burguesia em ascensão no país, ainda no início do século XX. Naquele contexto, era comum que os arquitetos elegessem uma série de referências, estruturas e elementos decorativos para representar os ideais de cada edifício.
E quais seriam os ideais representados por este prédio? Você consegue identificar elementos que simbolizem, por exemplo, valores como seriedade, solidez e confiança?
Vamos conhecer um pouco mais sobre alguns dos estilos arquitetônicos presentes neste edifício? Ao sair da rotunda, seguindo para os elevadores, nosso trajeto passará pelo saguão da bilheteria, onde é possível observar alguns detalhes que compõem as janelas externas. Repare, por exemplo, nas formas orgânicas e fluidas presentes nesses gradis. Essas formas são características de um estilo internacional de decoração e arquitetura chamado Art Nouveau.
O que essas formas te lembram? Você já viu formas similares em outros lugares da cidade?
Art Nouveau (ou ‘arte nova’) foi um movimento que alcançou várias expressões artísticas, tendo como grande inspiração as formas da natureza, a fluidez das linhas curvas e as formas circulares. Surgido no final do século XIX, o movimento valoriza também as artes aplicadas e a produção industrial, assim como a utilização de materiais como ferro e vidro, muito presentes no prédio.
No caminho para os elevadores, podemos encontrar elementos que remetem ao estilo Art Déco, movimento que historicamente sucedeu a Art Nouveau. Diferente da Art Nouveau, a Art Déco busca elegância a partir do uso de formas e ornamentos geométricos, assim como elementos abstratos de design. Sem tantos excessos, o estilo fazia uso constante de materiais específicos e refinados, como o marfim, o mármore escuro, o jade e a laca. Os elevadores do edifício, datados da década de 1930, o lustre em frente à bilheteria, as portas de entrada da rua Primeiro de Março e também as portas do Teatro I foram desenhadas sob a influência desse estilo.
Que tal subirmos pelo elevador? Quando entrar no equipamento, repare na ornamentação das paredes, do piso e do teto. Perceba que, apesar do uso de elementos visuais mais simplificados e retilíneos, a composição ainda expressa luxuosidade.
Parando no segundo andar, é possível observar mais alguns aspectos do estilo arquitetônico que predomina no CCBB, conhecido como Neoclássico. Deste andar, vemos a rotunda a partir de outro ângulo – e podemos perceber elementos que nos remetem à presença imperial na cidade. Como exemplos desse estilo, conhecido por recuperar as raízes clássicas da arquitetura, destacam-se as colunas de inspiração greco-romana, as decorações em folhas de acanto e o acabamento em mármore que reveste o chão e as paredes do ambiente.
Os estilos arquitetônicos aqui citados refletem valores da modernidade, ligados à concentração de edifícios comerciais e ao fortalecimento de grandes centros urbanos.
Construído no centro da cidade que funcionou como capital do país entre 1763 e 1960, o edifício foi erguido ao mesmo tempo em que o Rio de Janeiro passava por processos profundos de reformulação urbana. No início do século XX, a cidade investiu em grandes obras públicas como a avenida Rio Branco, até então avenida Central, cuja nova estrutura se valia de largas vias arborizadas.
As mudanças que observamos no edifício são reflexos das contínuas transformações da região desde o século XVIII até os dias de hoje. No início dos anos 2010, por exemplo, um passeio público substituiu o antigo e monumental Elevado da Perimetral, alterando a paisagem urbana e a circulação de pedestres na região. Aos poucos, a zona portuária tem se tornado um importante corredor cultural da cidade, abrangendo museus e centros culturais, entre outros espaços dedicados a manifestações populares da cultura brasileira.
Imagem de capa: Arquivo Histórico do Banco do Brasil