Estamos agora próximos ao parapeito que divide o gramado e uma grande área livre, situada um nível abaixo. De onde estamos, podemos ver o Lago Paranoá, a ponte Juscelino Kubistchek e as árvores do cerrado.
O Lago Paranoá é um represamento artificial que foi criado durante a construção de Brasília, como parte de seu projeto. Ainda no século XIX, essa possibilidade havia sido vislumbrada pela equipe botânica da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil. Essa comissão realizou uma série de estudos para descentralizar o desenvolvimento do país, até então concentrado no litoral brasileiro, e aponta já em seus primeiros relatórios a possibilidade de criação de um lago, assim como a sua futura localização. Mas tais planos se tornaram realidade somente em meados do século seguinte, com a construção de uma barragem em 1956.
Com a virada do século e o crescimento populacional, esse local passou a abrigar uma vila com operários e suas famílias, chamada Vila Amaury (ou Núcleo Provisório de Bananal).
Situada em uma depressão entre dois chapadões, a região parecia ideal para represar a água, mesmo que o censo da época apontasse cerca de 6.200 habitantes na área.
Quando, mais tarde, o lago começou a se formar, os habitantes dessa localidade foram transferidos para os arredores – e ainda hoje mergulhadores encontram sob as águas as ruínas de suas casas, carros e maquinários, que servem como memórias concretas dessa história.
Hoje em dia, as margens do Lago Paranoá são frequentadas por muitas pessoas que buscam lazer em suas águas, assim como por outros que encontram sustento por meio da pescaria, reafirmando que a orla é de todos e seu acesso deve ser garantido. A marcante presença do lago não apenas ameniza os efeitos da seca, mantendo certa umidade em suas proximidades, mas também permite a prática de esportes aquáticos, banhos refrescantes e belas fotos que o tomam como paisagem.
Daqui podemos ver também a ponte Juscelino Kubistchek, com suas linhas em arco, que cruzam o lago. O projeto foi o vencedor do Concurso Nacional de Estudos Preliminares de Arquitetura, em 1998. Foi concebido pelo arquiteto Alexandre Chan, que se inspirou no movimento de uma pedra quicando em um espelho d’água. Sua construção demorou menos de um ano, um grande feito pela dimensão e as especificidades do projeto. A obra foi inaugurada em 2002 e, no ano seguinte, recebeu o título de “a mais bela ponte do mundo” na 20ª Conferência Internacional de Pontes, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Mesmo ano em que foi vencedora do Prêmio da Associação Brasileira da Construção Metálica, na categoria Pontes e Viadutos.
Além dos prêmios recebidos, a ponte JK se tornou um importante ponto turístico da cidade. Com 1200 metros de extensão, também chama atenção pela estética que se harmoniza com a arquitetura de Brasília. Além disso, cumpre funções bastante importantes para o trânsito na cidade: descongestionar as outras duas pontes que ligam o Lago Sul ao Plano Piloto e também facilitar o acesso ao bairro Jardim Botânico, às regiões administrativas do Paranoá e de São Sebastião e até mesmo às saídas para Goiás e Minas Gerais.
A construção dessa ponte encurtou trajetos percorridos por muitas pessoas, que agora economizam tempo e recursos, além de terem o privilégio de uma bela vista.
Nessa mesma paisagem, podemos ver muitas árvores que fazem parte do bioma do cerrado. No campo da geografia, o cerrado é entendido como um tipo de savana com vegetação mais aberta, caracterizado pela mistura de árvores, plantas herbáceas e gramíneas. Atualmente, são conhecidas mais de 12 mil plantas diferentes no bioma do cerrado, e essa diversidade corresponde a 1/3 das espécies que ocorrem no Brasil.
Esse tipo de vegetação contribui para a retenção da água das chuvas no solo, abastecendo lençóis freáticos que alimentam os lençóis artesianos, também conhecidos como aquíferos.
No cerrado brasileiro, temos os três maiores aquíferos do mundo, e por conta disso a região é considerada o berço das águas do continente Sul-Americano.
Em 1993, várias espécies de árvores do cerrado foram tombadas como Patrimônio Ecológico do Distrito Federal. Aqui no CCBB, temos algumas dessas espécies, como a copaíba, a sucupira, a cagaita e o ipê amarelo. Além dessas plantas tombadas, muitas outras compõem a área verde que você pode apreciar agora. Angico, amendoeira, ingá, jasmim e buganvília são algumas delas, tendo abrigado atividades do Programa CCBB Educativo Arte & Educação e oferecido suas sombras para o descanso dos visitantes.
Para continuar nossa visita, convido você a passear, observar e coletar pequenos objetos que podem ser encontrados nos pés das árvores. Experimente reunir pedrinhas, pequenos galhos, folhas e sementes, e depois organizá-los como você quiser, considerando aspectos como cor, tamanho, peso ou formato. Se você quiser, fotografe alguns desses arranjos e envie para nós – vamos gostar muito de ver o que você encontrou no jardim e as escolhas que fez ao registrar esse momento.
Imagem de capa: Toninho Tavares/Agência Brasília