Vamos continuar nosso percurso? Ao entrar na recepção, você pode ver um grande painel que ocupa toda a parede à direita, com formas em relevo, orgânicas e sinuosas, onde a cor branca se projeta em contraste com o fundo azul. Esse painel é da artista franco-brasileira residente em Olinda, Marianne Peretti, cuja obra está presente em vários monumentos em Brasília.
Considerada a maior vitralista do Brasil, Marianne foi a única mulher a integrar a equipe de Oscar Niemeyer. Seus painéis se harmonizam com a proposta arquitetônica moderna, relativizando os limites do espaço e permitindo a passagem de luz.
Além desse painel que vocês estão vendo, é possível admirar os trabalhos de Marianne nos principais pontos turísticos de Brasília, como no Panteão da Pátria e da Liberdade – Memorial Tancredo Neves e na câmara mortuária no Memorial Juscelino Kubitschek, onde encontramos um grande painel suspenso em vermelho e roxo. É possível encontrar também vários painéis criados pela artista em diferentes salões do Congresso Nacional, assim como uma escultura de vidro no Palácio do Jaburu e a escultura de um pássaro feita em bronze, no Teatro Nacional Cláudio Santoro.
Os vitrais da Catedral de Brasília, nas cores azul, verde e marrom, são apontados como seu maior desafio: os painéis foram desenhados em tamanho real e levaram três anos para ficarem prontos.
Muita inspiração e muito trabalho foram necessários para concluir esse conjunto de obras que marcam a identidade da cidade. Agora que falamos sobre a obra de Marianne Peretti, podemos ir lá fora para visitarmos obras de outra artista.
Assim que sair da recepção, vire à direita, em direção à biblioteca. Compondo com o jardim, você vai encontrar a escultura “Olho da Terra“, feita em mármore pela artista Denise Milan.
Denise Milan é uma artista contemporânea nascida em São Paulo. A pedra é um eixo criativo nas obras que realiza em diversas linguagens, desde escultura e poesia até performance urbana e óperas, se envolvendo também em projetos multimídia. Participou de Bienais e de importantes exposições em museus e centros culturais no Brasil e em outros países.
Essa artista é também pioneira e ativista do movimento da Arte Pública no Brasil e no exterior, e algumas das suas obras incluem performances, como é o caso de “Améfrica“, de 2003, cuja escultura segue instalada aqui no jardim do Centro Cultural Banco do Brasil, entre a galeria 1 e o pavilhão de vidro. Depois podemos ir até lá, e eu te conto mais sobre essa obra. Agora podemos retornar à recepção.
Ao passar pela recepção, no jardim do outro lado da rua você poderá encontrar uma grande esfera de aço. Essa escultura foi criada pelo artista mineiro Darlan Rosa, que escolheu Brasília para viver. Aqui no CCBB, além dessa, temos outra obra desse artista que vou apresentar logo mais.
Agora vou te contar um pouco sobre o processo de criação dessa esfera. Darlan Rosa realizou o projeto na forma digital e depois enviou para uma metalúrgica. As peças de aço são cortadas a laser que de forma modular compõem a esfera. Por ser vazada, a escultura permite a integração da forma geométrica à paisagem, não interrompendo o olhar e dando leveza ao material.
Além desse trabalho presente no CCBB, podemos encontrar outras esferas semelhantes no Memorial Juscelino Kubitschek, em superquadras residenciais e centros universitários de Brasília.
O CCBB também possui um importante acervo com vários nomes das artes visuais brasileiras, dentre eles Athos Bulcão, um artista que colaborou muito para a construção da identidade cultural da cidade.
Athos Bulcão foi pintor, escultor, desenhista e arquiteto, conhecido principalmente pelas suas padronagens imprevisíveis criadas para azulejaria. Foi colaborador de Oscar Niemeyer, e suas obras se integram à arquitetura modernista, com painéis, murais e relevos que estabelecem diferentes relações com o espaço público.
Suas obras estão presentes em edifícios como o Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Teatro Nacional Cláudio Santoro, Palácio do Itamaraty, Palácio do Jaburu, Memorial Juscelino Kubitschek, Capela do Palácio da Alvorada e Hospital Sarah Kubitschek, citando somente alguns pontos conhecidos em Brasília. Também são encontradas em importantes museus do país, especialmente em coleções de arte modernista. No acervo do Centro Cultural Banco do Brasil, temos uma série de serigrafias sobre papel que servem como uma amostra relevante do seu legado artístico.
Imagem de capa: Tatiana Duarte