Que tal elevar seu ponto de vista e observar a Praça da Liberdade com uma visão panorâmica? Para isso, eu convido você a caminhar até o coreto e subir alguns degraus. Lá de cima, é possível darmos juntos um giro em torno de sua história e dos seus principais usos. Vamos lá?
Um coreto, em geral, costuma ser bastante utilizado em qualquer praça onde esteja instalado. Você se lembra de já ter utilizado algum? Pode ter sido em uma apresentação musical, um festival de bandas, uma manifestação política ou um passeio. Essa lista pode ser infinita, porque os coretos têm esse caráter.
Ao subirmos, é inevitável não olhar por todas as direções. Do alto, podemos ver melhor o edifício do Centro Cultural Banco do Brasil e os outros prédios que circundam a praça. Podemos observar o Palácio da Liberdade ao fundo, apreciar a vegetação, as palmeiras imperiais, os ipês, as fontes luminosas e ainda notar o fluxo das pessoas pelos passeios, bancos e canteiros.
Um coreto é um pavilhão, ou seja, uma construção com materiais leves, erguido em praças ou jardins públicos para concertos musicais.
Historicamente, os coretos surgiram com a função de levar a música erudita aos espaços públicos, considerando que por muito tempo ela permaneceu restrita à vida privada, aos teatros ou às classes privilegiadas.
Podemos observar juntos alguns elementos que caracterizam o coreto. Repare que sua base é feita de alvenaria, isto é, construída em pedra e cal, em uma planta octogonal, com piso em ladrilho hidráulico. Se observamos de fora, notamos que as paredes mantêm o desenho original, imitando a textura e as cores de tijolinhos.
Agora repare onde pousamos nossas mãos para ver a paisagem. Essa estrutura de ferro foi encomendada e veio pronta da Europa, ainda na ocasião da construção da cidade. Além do guarda-corpo, o coreto possui delicadas colunas que sustentam sua cobertura em chapas de ferro, rodeadas por elementos decorativos em espirais e linhas fluidas, com referências do Art Nouveau.
Esse conjunto se caracteriza pelo estilo eclético, ao mesclar elementos de diferentes estilos arquitetônicos, e traz ainda algumas influências neoclássicas, como a simetria, a harmonia e a simplificação dos ornamentos.
O coreto onde estamos agora foi projetado pelos arquitetos Edgar Nascentes Coelho, em 1904, e Francisco Izidoro Monteiro, em 1909. Como Pavilhão da Música, o equipamento compôs o projeto original da Praça da Liberdade, que possuía um paisagismo de traçados tipicamente ingleses, com formas orgânicas nos jardins e uma irregularidade espacial.
Com a visita dos reis belgas à cidade, em 1920, o estilo inglês foi totalmente substituído pelo modelo francês, que valorizava a simetria, a ordem e a proporção. Os únicos elementos que permaneceram intactos foram o coreto e a alameda de palmeiras imperiais.
Pois bem: agora que conhecemos um pouco da história e das características deste coreto, podemos afirmar que ele testemunhou grandes transformações da praça e da cidade. Não só transformações concretas e materiais, mas também políticas e culturais.
Imagine quantas pessoas já subiram esses degraus e se depararam com uma paisagem totalmente diferente de você? O que viu um Rei Belga, um político dos anos 1930, um dançarino de hip-hop ou um músico de rua? A paisagem nunca é a mesma. Qual é a paisagem que você vê?
O que você destacaria na paisagem que é capaz de observar agora?
Faça um lento giro de 180°. Quando terminar o movimento, observe a paisagem à sua frente. Faça um registro fotográfico ou uma selfie. Que elementos mais chamam a sua atenção em cada versão da paisagem? Compartilhe conosco suas imagens e reflexões.
Imagem de capa: Claiton Conto