Entrar no CCBB é como fazer uma viagem – e, na verdade, podemos fazer várias viagens a partir desse único edifício. Uma delas é ao passado, ligado às referências arquitetônicas escolhidas pelo arquiteto Hippolyto Pujol Junior.
No pequeno hall de entrada, podemos reservar alguns minutos para observar e descobrir detalhes incríveis. Faça uma pausa em nossa conversa, olhe ao redor e veja o que você consegue descobrir. Te aguardo para retomarmos.
Que tal iniciarmos pelo chão do hall? Abaixo de nossos pés, temos composições em mosaico, usando pequenos ladrilhos para criar variados desenhos e formas geométricas.
Subindo um pouco os olhos, as portas relembram um período arquitetônico em que os detalhes estavam em toda parte, inclusive nas maçanetas.
Acima das portas, quase no teto, nos deparamos com duas belas alegorias mitológicas, duas imagens – uma de cada lado da entrada – com referência a deuses greco-romanos. Do lado direito, um conhecido nosso, Hermes, deus protetor dos mensageiros e do comércio. Vocês se lembram de onde vimos o seu rosto há pouco tempo?
Do outro lado, à nossa esquerda, temos duas outras figuras. O deus da metalurgia, Hefesto, representando o desenvolvimento da indústria que despontava como promessa rumo à modernização de São Paulo. Ao seu lado vemos Niké, a deusa da Vitória, que coroava os vencedores de batalhas e também dos Jogos Olímpicos.
Vamos agora para a rotunda? Trata-se dessa área circular, no centro do ambiente.
Há algo de impressionante ali, que eu gostaria de mostrar para você.
Repare na altura desse espaço… Na distância enorme entre o chão e o teto. E esse teto? Ele está meio diferente, né? Você já ouviu falar em vitral?
Vitral é um conjunto de vidros, geralmente coloridos, agrupados para construção de uma vidraça. O vitral é um ótimo recurso para deixar os ambientes iluminados – e esse que podemos ver, além de funcional, é muito lindo, não é mesmo? O vitral que está no edifício do Centro Cultural Banco do Brasilfoi desenvolvido pela Casa Conrado, empresa pioneira na produção de vitrais no país, estabelecida em São Paulo ainda no final do século XIX.
Uma curiosidade é que o vitral que hoje está entre o terceiro e o quarto andar foi originalmente instalado entre o primeiro e o segundo, para separar as atividades da agência bancária de outras salas administrativas nos andares superiores.
Com a reforma para se tornar centro cultural, surgiu a proposta de ampliar a visão do público, e o vitral subiu dois andares. No terceiro andar conseguimos visualizar os vários andares do CCBB.
Que tal explorar esses espaços e observar esse vitral a partir de diferentes perspectivas? Do quarto andar, por exemplo, podemos observá-lo por cima!
Você pode acessar o mezanino, onde acontecem atividades do Programa CCBB Educativo – Arte & Educação. No primeiro andar, se situam o auditório, um espaço de palestras, debates e outras atividades de trocas de ideias, e o cinema, com exibição de filmes para todos os públicos, com festivais imperdíveis. No terceiro andar, o teatro é palco de peças importantes, com muitas atrações para crianças. Tudo isso sem falar das salas de exposição, que vão do quarto andar até o subsolo do edifício.
Agora, uma outra curiosidade, ainda sobre o vitral. Essa peça foi inspirada no estilo Art Nouveau, movimento artístico que influenciou muitos países, inclusive o Brasil. O estilo é marcado pelo uso de materiais como vidro, ferro e cimento (junção que foi uma novidade para a arquitetura da época), e também da madeira, uma velha conhecida. Como movimento artístico, o Art Nouveau teve influências sobre a Arquitetura, a ilustração e a decoração.
Outra característica do Art Nouveau é a presença da natureza no direcionamento estético, com diversas referências a animais e plantas, atribuindo à arquitetura aspectos como a exuberância e a sinuosidade, bastante próprias ao estilo.
Temos também a presença de linhas curvas, cujos efeitos tendem a provocar certa sensação de movimento.
Por falar em linhas curvas, se a rotunda estiver livre, caminhe até o centro do espaço e olhe para cima. Observe as várias cores que compõem o vitral do CCBB. Que tal tirar uma bela fotografia?
Imagem de capa: Cadu Faria