Aqui estamos: rua Álvares Penteado, esquina com rua da Quitanda, onde está localizado o Centro Cultural Banco do Brasil. Você já parou para observar o movimento nesse local? E já pensou, por acaso, como era passar por aqui no final do século XIX ou no começo do século XX?
Naquela época, a rua Álvares Penteado se chamava rua do Comércio e era a via urbana por onde os produtos industriais e as novidades chegavam à cidade de São Paulo. Olhe atentamente para os lados e tente imaginar lojas e mais lojas, vendendo desde tecidos até jóias, trazendo um fluxo grande de compradores, vendedores, entregadores e quem mais pudesse se beneficiar do comércio e do movimento que começava a crescer por aqui.
Na esquina diagonal ao prédio onde se encontra hoje o CCBB, foi fundada em 1862 a Confeitaria do Leão, um símbolo do requinte e da modernização da cidade. No prédio térreo onde se instalou a confeitaria, foram colocadas vitrines ao invés de janelas – uma grande novidade que permitia aos pedestres se deliciarem com o que havia dentro da loja. Além disso, a fachada recebeu uma decoração bastante elaborada, usando uma técnica de pintura que imita a textura do mármore, conhecida como marmorização. Que imagens e cheiros poderíamos sentir vindo dessa confeitaria?
A rua da Quitanda, por sua vez, era conhecida por rua do Cotovelo, devido ao seu formato curvilíneo e similar a um cotovelo dobrado. Ainda hoje conseguimos perceber esse traçado na rua, certo? Pois a rua do Cotovelo era uma via de intenso comércio de miudezas e alimentos na cidade durante o século XIX.
Naquele período, era muito comum ver quitandeiras e vendedoras de verduras e frutas nesta região.
A rua do Cotovelo era a preferida das quitandeiras, que aqui vendiam toucinho, cereais e carnes, além de alimentos prontos, consumidos na mesma hora e no mesmo local. Foi graças a essas mulheres, na sua maioria mulheres negras, que a rua do Cotovelo passou a ser chamada de rua da Quitanda, tornando-se, possivelmente, um dos berços da comida de rua de São Paulo, hoje em dia tão tradicional. Todavia, com o passar dos anos aqui se instalaram diversos pequenos estabelecimentos comerciais, dando outra cara para o local.
E hoje? Quais são os sons, os cheiros, os tons e as pessoas que podemos perceber nesse cruzamento histórico entre a rua Álvares Penteado e a rua da Quitanda?
Sente-se por um momento. Escute e perceba o que se passa ao redor dessa esquina! Se quiser, escreva sobre o que você sentiu!
Imagem de capa: Coleção Militão Augusto de Azevedo (Acervo Biblioteca Guita e José Mindlin)/Reprodução digital